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Rodrigo de Castro

Abertura
25 de setembro de 2015

Horário
19 às 22h

Exposição
26 de setembro a 24 de outubro

Exposição de 20 trabalhos, utilizando a técnica da tinta a óleo, em dimensões variadas, do artista plástico mineiro Rodrigo de Castro, trabalhos onde as relações forma/cor estruturam a pintura. A cor, ao explorar planos em variações de matizes, tons, e uma particular sensibilidade materializando sentidos e sentimentos; a forma através do quadrado e do retângulo, suas assimetrias distantes dos esquemas matemáticos que faz sua pintura atravessar os conceitos que determinaram a evolução das tendências construtivas geradas ao longo do século XX.

Rodrigo de Castro nasceu em Belo Horizonte, em 1953, mas vive e trabalha em São Paulo. Sua obra está registrada na publicação “Brazilianartiv, Livro da arte Brasileira”, JC Editora, 2004. Entre suas premiações temos o Prêmio Aquisição no 13º Salão de Arte de Ribeirão Preto, 1988, e no ano seguinte o Prêmio Aquisição no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro. A partir de 1989 inicia suas mostras individuais. Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte e no Centro Cultural São Paulo, como artista convidado. Em 1994, no Programa Anual de Exposições, Centro Cultural São Paulo, como artista convidado, e na Galeria Manoel Macedo, Belo Horizonte. Em 2004 expõe na Marilia Razuk Galeria de Arte, São Paulo. 2006 na Paulo Darzé Galeria de Arte, Salvador, BA e Millan Galeria de Arte, São Paulo, SP; 2008, Lemos de Sá Galeria de Arte, Belo Horizonte, MG; 2010, Millan Galeria de Arte, São Paulo, SP; 2013,Via Thorey Galeria , Vitória, ES,  Marilia Razuk Galeria de Arte, São Paulo, SP, e Lemos de Sá Galeria de Arte, Belo Horizonte, MG. Em exposições coletivas participou: 1988, do 38º Salão de Arte Contemporânea de Juiz de Fora e do 13º Salão de Arte de Ribeirão Preto; 1989 na Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte – 10 Artistas – Rua Fortunato, São Paulo – 7º Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo – 9º Bienal Internacional de Arte, Valparaíso, Chile – 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro – Arte Contemporânea São Paulo / Perspectivas Recentes, Centro Cultural São Paulo; 1990, Projeto Cerâmica Nova Terra / Fernandez Mera, São Paulo; 1992, 13 Artistas Paulistas,  MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; 2001, Atelier Amilcar de Castro, Belo Horizonte, Minas Gerais –  Galeria de Arte Manoel Macedo, Belo Horizonte, com Célia Euvaldo e Elisabeth Jobim; 2002, Marília Razuk Galeria de Arte, São Paulo com Amílcar de Castro, Isaura Pena, José Bento, Renato Madureira e Roberto Bethônico – Marília Razuk  10 Anos, Marília Razuk Galeria de Arte, São Paulo; 2003,  Galeria de Arte Celma Albuquerque, Belo Horizonte, com Fábio Miguez e Sérgio Sister; 2005, Encontro Internacional do BID – Centro de Convenções de Belo Horizonte, Minas Gerais e Paralela da Bienal São Paulo – Galpão de Exposições, São Paulo, SP; 2008, Galeria Millan – São Paulo, SP e Lemos de Sá Galeria de Arte – Inauguração da nova galeria, Nova Lima, MG; 2010, Exposição 2×Minas×2 – com Manfredo de Souzanetto, Marcos Coelho Benjamin e Amilcar de Castro – Matias Brotas Galeria de Arte, Vitória, ES e Lemos de Sá Galeria de Arte, Belo Horizonte, MG; 2011, Exposição Múltiplos Sentidos – com Amilcar de Castro, José Bechara, Nuno Ramos, Manfredo de Souzanetto e outros – Matias Brotas Galeria de Arte, Vitória, ES,  Exposição 2×Minas×2 – com Manfredo de Souzanetto, Marcos Coelho Benjamin e Amilcar de Castro – Paulo Darzé Galeria de Arte, Salvador, BA e Referência Galeria de Arte, Brasília, DF; 2012, Exposição [Alguns] de Nós – com Cabelo, José Bechara, José Rezende, Paulo Monteiro e outros – Marilia Razuk Galeria de Arte, São Paulo, SP; 2014, Exposição Pequenos Formatos, Via Thorey Galeria de Arte, Vitória, ES.

No livro-catálogo que acompanha a exposição, sob o título “Estruturações cromáticas de Rodrigo de Castro” o Prof. Dr. ECA/USP, historiador e crítico de arte João J. Spinelli escreve: “As transformações culturais posteriores ao movimento impressionista ocorridas no final do século XIX modificaram progressivamente as condições de percepção e de perspectivação artística. Substituíram o meramente descritivo, narrativo por metáforas subliminares: uma nova maneira de visualizar o essencial, isento de devaneios ilustrativos e ou de perífrases inócuas, que permitiram aos artistas romper com a tradição e com as convenções desgastadas do fazer artístico. Na arte é fundamental a invocação permanente do signo. A dimensão metafórica somente visível parcialmente na arte figurativa emerge plenamente na arte informal geométrica, assim vê-se o visível em detrimento do apenas visual.

O vocabulário geométrico presentifica-se nas artes plásticas em vários momentos da história da arte, do neolítico até a atualidade, inclusive no Brasil, nas criações indígenas e em dois movimentos fundamentais: concretismo e neoconcretismo. Inesgotável, este vocabulário permite um número infinito de combinações que propiciam ao artista contemporâneo adjetivações geométricas diferenciadas, confirmadas de forma singular nas pinturas de Rodrigo de Castro: concisão e coerência pictórica que refuta conscientemente todo e qualquer tipo de veleidade figurativa, volumétrica. O cuidado com o manuseio da tradicional pintura a óleo surpreende pela qualidade da fatura e do domínio técnico.

Ao recuperar, na contemporaneidade, as potencialidades esquecidas do modernismo, Rodrigo de Castro realiza experimentações poéticas que redimensionam a compreensão da própria arte.

O seu processo criativo está fundamentado em três organizações plásticas: linhas, formas e cores que segundo o pintor francês Fernand Léger, constituem “a síntese e o próprio poder da pintura”. Rodrigo pretende, desta maneira, ir de encontro à pureza plástica, mediante a redução dos meios de expressão: duas linhas retas que se encontram em ângulos retos imprimem assimetricamente um equilíbrio dinâmico. Desta maneira o pintor reforça a transformação estética realizada a partir do impressionismo que negava o hipotético papel aparencial, duplicador da realidade, reafirmando a autonomia das artes visuais.

Ao demarcar a superfície da tela – com horizontais e verticais – delimita planos de cor que interligados organizam-se pictoricamente em cada quadro. Elimina-se de forma definitiva a relação fundo figura; exemplifica-se a opção pela veracidade deste artista que nos propicia, indiretamente, uma subjetividade advinda do seu próprio processo criativo que tem como meta principal explorar e reforçar a liberdade dos meios plásticos, contrapondo-se a qualquer tipo de representação figural.

Além de priorizar a relação cor/forma Rodrigo de Castro redimensiona alguns parâmetros neoconcretos à procura da representação pictórica autônoma, independente. Em contrapartida à objetividade linear, construída diligentemente, as cores selecionadas apresentam tons sensíveis, incomuns, alcançados com maestria pelo domínio técnico da pintura a óleo que – por ser de secagem lenta – possibilita inúmeras reformulações e impecáveis acabamentos.

Para o pintor, nada é superficial, nada é por acaso. Suas combinações cromáticas, cada vez mais audaciosas e diferenciadas encaminham o observador – além da usufruição estética – a tentar decifrar a metodologia colorística, harmônica deste artista.

Apesar de nunca se valer de facilidades sintáticas, conteudísticas e emocionais, típicas da pintura figurativa, suas planaridades pictóricas captam objetividades plenas de ritmos e tensões. Provocam visualidades – derivadas de divisões e subdivisões cromáticas – resultantes de uma geometria pessoal, por meio da qual o pintor procura superar os desafios específicos da pintura.

Cerebrais, suas obras revitalizam o embate das estruturas compositivas cartesianas contrapostas à evidência sensível da cor: “formas que parecem carecer de ressonância emocional são em si opções vigorosas estimulantes”,

A cor, além de dinamizar a estrutura compositiva, fundamenta sua produção artística. Sem recorrer a tonalismos é utilizada de forma eminentemente sensível. Nunca submetida aos esquemas aprioristicos, austeros, pré-estabelecidos por ordenações restritivas. Definem as possibilidades semânticas do seu léxico visual geométrico. O artista não destaca nenhuma forma ou plano de cor para que nunca se transformem em figura/fundo ou vice-versa, pois cada cor escolhida pelo pintor pulsa e tensiona em plena estabilidade.

Rodrigo de Castro alcança a emoção estética pelo rigor compositivo que o induz – sem recorrer à comodidade da simetria – à perfeição formal: uma manifestação absoluta de pura sensibilidade, atenta somente à manipulação dos meios plásticos geométricos, utilizados pelo artista como um guia de elaborações visuais, “uma espécie de busca mística do absoluto, que despreza o mundo de aparências”, concordante com o pensamento de Platão, que em Phlebo, refere–se às formas geométricas puras como mais belas do que as formas desvirtuadas da natureza. Para Platão e para Rodrigo deCastro “a forma é o sumo conteúdo”.

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