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ARISTIDES ALVES

Opening
18 de April de 2017

Schedule
19h

Exhibition
19 de April a 13 de May

Sorry, this entry is only available in Brazilian Portuguese.

Apresentação: Diógenes Moura

OBATALÁ, EFUN, OSÙ E A GALINHA-D’ANGOLA. Um livro que começa com uma lenda. Um fotógrafo que olha para si mesmo quarenta anos depois da primeira imagem. Duas terras que se unem: Minas Gerais e Bahia. Uma onde ele nasceu; a outra onde vive quase desde sempre. Na de lá, as Gerais, montanhas como grandes bichos pré-históricos adormecidos ao pôr do sol, toda margem, ainda há. Na de cá, a Bahia de agora desde sempre, o Ojá do tempo sobre a cabeça. No livro o futuro do passado no presente contínuo. Aristides Alves vive assim, dentro de cada página, dos olhos para dentro. Como uma epígrafe, a galinha-d’angola vive para falar de coisas interiores, de florestas sagradas, do firmamento entre homens e animais. A lenda se repete em todas as esquinas, mesmo nas que são invisíveis, mesmo nos tempos do acaso. A lenda se repete, os homens e a natureza se repetem: estamos assim, todos à beira de um só euprecipício. O difícil é entender. O difícil é o retrato de cada um de nós. O fundo infinito, o livro aberto, o veredicto. O fotógrafo diante do “outro”: ou a verdade ou o suicídio. Pode ser um grito ou o extrato de um longo silêncio. Máscaras, peitos, penas, cona, estrela do mar, o andor na cabeça. Não se trata de apenas iluminar o outro com a luz perfeita. O verdadeiro retrato não deixa rastros nos transeuntes da cidade antes encantada cujas esquinas hoje gosmam. Nós estamos dentro. A bomba-relógio entre os dedos. Se barroco a greta sagrada: nem flora nem geme. Em Jesus Cristo, em Nossa Senhora, na mariposa, no couro emoldurado. Em cada símbolo o mesmo silêncio. O olhar se desloca no homem que passa, no manequim suspenso, na pintura que anoitece, mas não amanhece para conhecer o dia seguinte. E se não existisse a fotografia? E se não houvesse o barroco, as volutas descascadas, a retina dos Deuses? Mais adiante o mesmo percurso. O encontro com o “outro” homem que novamente somos nós. Ali com o seu tudo que é a riqueza da sua história. Idiotas são os que não veem. Nós somos assim, desse jeito: por trás daquela mulher, no chão daquele Rio Paraguaçu está assentado um fundamento. Isso basta. O rio é sagrado como a floresta é sagrada. Sim, as esquinas gosmam. A bomba-relógio vai explodir. Mas e daí? A galinha-d’angola continua diante de Obatalá.

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