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Waltercio Caldas

Opening
26 de July de 2013

Schedule
19 às 22h

Exhibition
27 de July a 31 de August

Um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira e internacional. Esta é uma frase direta serve precisamente para afirmar a criação de esculturas, desenhos, objetos, livros e maquetes realizados por Waltercio Caldas, um artista que nas palavras de José Thomaz Brum, constrói “com aço inoxidável traços que circunscrevam o ar, deixando permanecer uma relação de contiguidade entre o desenho e o objeto, dotando estes de pausas, e suas linhas de intervalos, como um músico, concretizando esses anseios e os explorando”. A Paulo Darzé Galeria de Arte estará expondo os novos trabalhos de Waltercio Caldas, com abertura no dia 26 de julho, das 19h as 22h, e temporada até 31 de agosto, de segunda a sexta das 9h as 19h e sábado de 9h as 13h.

Na apresentação da mostra na Paulo Darzé Galeria de Arte, José Thomaz Brum escreve: “Tornar concreto o fonema S. Extrair um pedaço de ziguezague e mostrá-lo, com os ângulos salientes e reentrantes da letra Z. Construir uma frase óptica em que o ritmo seja pontuado por interrogações plásticas. Mergulhar seus objetos em cores matizadas, líquidas, submersas. Inventar um mecanismo que convirja para um amarelo interrompido. Falando assim, percorremos um pouco da poética desse artista que, apoiado em um espaço inventado perturba um real óptico supostamente dado e o substitui por uma imaginação dubitativa. Esses objetos habitam o lugar que eles próprios criam. Se auto instalam em um espaço hipotético e de lá se negam a receber o mundo tal como nos empurram. Investigam, assim, a possibilidade de um lugar de pensamento, de um sítio de perplexidades. Se a imaginação, como diz Joubert, é “a faculdade de tornar sensível tudo o que é intelectual”, os objetos de Waltercio Caldas são coisas imaginantes, que têm por missão introduzir uma gota de inacabado em nossas tristes certezas. Ou apresentar o possível, pelo menos uma vez, colorido e concretizado”.

Waltercio Caldas nasceu no Rio de Janeiro, em 1946, e nos anos 60 começa a expor. Em sua trajetória fez individuais em alguns dos mais conceituados museus e galerias do mundo e participou de eventos como a Bienal de Veneza, Itália, e a Documenta de Kassel, Alemanha, tendo obra, entre outros, no acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York. A diversidade de meios com que trabalha e seu absoluto domínio sobre os materiais nos faz pressentir a passagem de uma matéria para a outra, as relações entre pesos, densidades e transparências, e uma obra que se constitui um eterno processo, um fluxo constante que interliga a presença e a ausência, o sólido e o ar, o pleno e o vazio. Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador a lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação, é que fazem a obra de Waltercio Caldas ser considerada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador à lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação tornam a obra de Waltercio Caldas estar incluída pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

Experimentação e questionamento. Sua obra é sempre descrita, entre outras definições, como tendo estas duas vertentes. Pode nos falar o que acha ou como se sente com estas palavras abordando sua trajetória?
Estas duas palavras sempre estão relacionadas a qualquer um que tenha uma visão crítica de seu tempo. Os artistas, na maioria das vezes, trabalham simultaneamente com o que conhecem e o que desconhecem e, na prática, isto resulta em comportamentos que questionam os limites da realidade.

Outro ponto que ressalta em seus trabalhos é a possibilidade do olhar, a descoberta do olhar, um sentido ou uma sensação que o olhar nos remete. O vazio, sendo uma estrutura de sua obra, realiza a ocupação do espaço, e nos induz à lembrança da figura. Como é este seu processo entre a linha e o ar, o desenhar do espaço?

Quando vemos um objeto de arte, é como se este nos surgisse pela primeira vez, inaugurando uma presença atual que o justifica. É a autonomia deste aparecimento que procuro enfatizar nas esculturas e nos desenhos; essa atividade por imagens se confunde com o que quero dizer: vazio e cheio, linha e espaço, presença e ausência estariam assim estruturalmente dependentes uns dos outros.

É referida por críticos que sua obra possui uma revisitação à história da arte como um dos elementos formadores do trabalho. O passado serve como informação, diálogo, ou como fonte para o futuro?

Não chamo de revisitação, pois este diálogo nunca deixou de existir entre as obras de arte; apenas considero que não devemos negligenciar rupturas e conquistas que permitiram aos artistas seguir adiante. Obras bem-sucedidas, não importando a época em que foram realizadas, estarão sempre conosco, serão sempre contemporâneas. Trato a história da arte como uma matéria a mais a ser tratada e disponível para o pensamento.

Vivemos num mundo exacerbado de imagens. Você sendo um artista visual induz à imagem pelo corte no espaço. É uma atitude que vai de encontro a esta atualidade, o de exibir a imagem. A linha sendo o seu limite, isto é, você projeta a imagem, mas não a realiza, deixando ao espectador que cada olhar a descubra. Sua obra, assim, é um convite à imaginação? Um não ao explícito da imagem?

É um fato intrigante que esta proliferação de imagens não leve necessariamente ao interesse sobre a complexidade de seus múltiplos usos, e hoje parece que apenas nos consumimos nesta vertigem de aparências. A arte teria, então, muito a contribuir nesta direção, propondo novos e reveladores sentidos para as imagens e os objetos e também para a própria ideia do que seja a invenção de espaços imaginários.

Quanto à luz, há na obra utilização de espelhos, vidros, superfícies altamente polidas. Qual a importância da presença da luz para que realmente se efetive a sua obra?

Sou um artista voltado para as características tridimensionais dos objetos: peso, gravidade, formas, cores, transparências etc. Neste sentido espelhos são objetos especiais, “máquinas miméticas luminosas” que nos dão uma versão diferenciada, e por que não dizer crítica, de nossas expectativas. Há, portanto, algo de semelhante entre o funcionamento dos espelhos e os objetos de arte.

Quanto à arte contemporânea, como se vê sendo um dos mais importantes artistas que temos hoje na arte internacional? Há na obra um diálogo conceitual com o que está sendo feito?

Creio que a presença cada vez maior de artistas brasileiros em eventos internacionais deveria nos trazer mais estímulos e mais responsabilidades. O diálogo, cada vez mais complexo e tenso, entre o que chamamos de cultura e a arte, pode e deve aprimorar a identidade do país.

Já que comecei com definições sobre sua obra, termino também com elas. Seu trabalho é sensação e reflexão?

Sim, e acrescentaria que hoje me move a certeza de que, através da arte, é possível até mesmo melhorar a qualidade do desconhecido.

Para finalizar, explique sua relação e sua obra entre e com os baianos, já que a temos publicamente no Parque de Esculturas do Museu de Arte Moderna.

Tenho especial carinho por Salvador, que tive a oportunidade de visitar inúmeras vezes, mas lamento dizer que a obra presente nos jardins do museu há muito não me representa nem ao meu trabalho, pois foi desfigurada, desmembrada e localizada segundo critérios absolutamente divergentes do projeto original. Espero que o público baiano algum dia tenha uma nova oportunidade de apreciar a obra tal como a concebi inicialmente.

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