Voltar

Mirela Cabral

Abertura
21 de novembro de 2023

Horário
18h30

Exposição
22 de novembro a 22 de dezembro

Sobre Mirela Cabral

Nasceu na cidade de Salvador, Bahia, em 1992. Vive e trabalha em São Paulo. Formou-se como bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Cinema pela FAAP e paralelamente frequentou cursos artísticos em escolas como Parsons Paris, NYFA e UCLA.

Se dedica ao desenho e à pintura como principais meios de investigação, observando como interagem e se complementam, na busca de elementos que se chocam entre arquitetura e natureza, onde eventualmente, podem surgir figuras humanas em pinceladas suaves e incisivas. Ainda interessada em contar histórias e no ativismo contra a violência à mulher, coproduziu o podcast “O Ateliê” com o jornalista Chico Felitti – áudio documentário top 1, no Spotify Brasil, em 2023.

Seu início em exposições acontece no ano de 2018. Na sequência temos novas exposições, sendo uma fora do país – 2021– ‘Prelúdio’. Galeria Kogan Amaro Zurique. Zurique, Suíça. Nestes cinco anos vem construindo uma trajetória em São Paulo, tornando-se uma das artistas mais representativas da contemporaneidade, com trabalhos que se afirmam no universo da arte no Brasil desde um início de trajetória, por ser ele figurativo e utilizar variadas técnicas e materiais.

Na apresentação da mostra ‘Coisas Primeiras”, na Paulo Darzé Galeria, o crítico Theo Monteiro, afirma que “essa exposição reúne duas direções poéticas que Mirela experimentou ao longo dos últimos meses. Não falamos aqui de séries fechadas ou conjuntos acabados, até porque nossa artista não pretende esgotar qualquer questão. Tratam-se de experiências pictóricas que realizou e vem realizando, proporcionando possibilidades de pensar a pintura e as sensorialidades dela advinda”.

Exposições

2022
– SP Arte. Pavilhão da Bienal. Kogan Amaro Galeria, São Paulo, Brasil.
– ‘So Show’. Curadoria: Gigi Guttersen & Giallo, São Paulo, Brasil.
2021
– SP Arte. Arca. Kogan Amaro Galeria, São Paulo, Brasil.
– ‘Prelúdio’. Exposição individual na Kogan Amaro Galeria. Zurique, Suíça.
– ‘Rebento’. Exposição individual na Kogan Amaro Galeria. São Paulo, Brasil. Curadoria:
Agnaldo Farias.
– ‘Acervo Rotativo’. Exposição coletiva no Instituto Adelina. São Paulo, Brasil. Curadoria:
Laerte Ramos
– ‘Acervo em exposição’. Exposição coletiva no Museu FAMA. Itu (São Paulo), Brasil.
2020
– 1o Salão de Artes Para Adiar o Fim do Mundo – Casa Visual Galeria, Tocantins, Brasil.
– SP Arte. Kogan Amaro Galeria, São Paulo, Brasil.
– Art Rio. Kogan Amaro Galeria, Rio de Janeiro, Brasil. Curadoria: Pollyana Quintella
– Latitude Art Fair. Curadoria: Allan Yzumizawa
2018
– ‘Formas de voltar para casa’. Exposição feminina coletiva no Estúdio Diana Motta. São
Paulo, Brasil. Curadoria: Julia Lima
– Feira Parte. Galeria Emma Thomas, São Paulo, Brasil. Curadoria: Ricardo Resende

Coleções Públicas

– Yuan Art Collection, Lucerne, Suíça

Coisas Primeiras

Uma das funções precípuas da pintura (da boa pintura) é a de comunicar/disparar estímulos sensoriais. Em um momento no qual parte daqueles que praticam este ofício vem voltando seu interesse para um tipo de “mensagem” mais direta, Mirela Cabral busca algo anterior, ou como diz o título de um trabalho seu, as Coisas Primeiras. Suas pinceladas, gestos, camadas pictóricas, paletas cromáticas e texturas emanam, nas mais diversas configurações que assumem em sua poética, incontáveis estados de espírito. Cores e texturas são as maneiras mais primárias com que um ser vivo aprende a ler o mundo. São, portanto, a experiência sensorial mais democrática que existe. Você pode não conhecer uma determinada cor ou textura, mas pode senti-la, percebê-la. Quando trabalhadas em estado puro, despidas de “disfarces”, nos oferecem sensações e estados de espírito de forma mais direta. Mirela Cabral fala desse lugar. Você não precisa entender de pintura para ser atravessado por um trabalho dela.

Por lidar com estados de espírito através de uma sensorialidade apuradíssima, a pintura de Mirela não cabe em “caixas”, “fases” ou cronologias. Existe um caminho, mas a percepção do numinoso transita por um terreno que transcende a lógica. E falamos de alguém que explora e experimenta incessantemente com a pintura, se interessa por ela, pensa ela e se comunica através dela. A previsibilidade e a fórmula não vão dar as caras por aqui. Não se pode nomear as tais “coisas primeiras”, mas se pode senti-las.
Indo por esse caminho, é redutor classificar sua pintura como “figurativa” ou “abstrata”, categorias que cada vez mais vão envelhecendo e se tornando limitantes. Existe figura ali. Povoam em suas composições, por vezes de grandes dimensões, resquícios de jardins, sacadas, arquiteturas, caminhos e pessoas. Mas gestos ambíguos, massas de tinta, traços, manchas e empastos aparecem para provar que é de pintura, e não de tema, que estamos falando. A configuração ali assumida, que pode nos soar familiar, é só uma possibilidade, um pretexto, um arranjo possível. E aí entra um ponto alto de sua poética: Mirela, como alguém que observa o mundo através da pintura, constrói sua pintura a partir daquilo que existe no mundo. Uma vista, um arranjo de mesa, um elemento arquitetônico, uma memória, uma música: todo estímulo sensorial interessante, por mais aleatório que possa nos soar, lhe serve de matéria prima. Uma lição que guarda com carinho é uma ensinada por sua mãe, que lhe orientava a organizar suas coisas e seu entorno por meio das: “cores que existem na natureza”.

Essa exposição reúne duas direções poéticas que Mirela experimentou ao longo dos últimos meses. Não falamos aqui de séries fechadas ou conjuntos acabados, até porque nossa artista não pretende esgotar qualquer questão. Tratam-se de experiências pictóricas que realizou e vem realizando, proporcionando possibilidades de pensar a pintura e as sensorialidades dela advinda.

Da primeira “direção”, se origina um grupo de trabalhos colorido, exuberante e luminoso, cujos títulos trazem alusão a topônimos (Barra, Casa da Mãe), gestos (Batuque), elementos (Oferenda, Barbalho e Lírios) e músicas (Anos Blues). São pinturas que pinçam elementos da natureza morta, paisagem, retratos e outros gêneros pictóricos, combinando os mesmos com elementos pictóricos puros, como massas de tinta, texturas e pinceladas. Em algumas, como Casa de Mãe e Barra, parece existir uma certa sugestão de atmosfera, talvez em função do emprego de uma pincelada mais lisa e do amplo emprego dos azuis e suas tonalidades, cores que sugerem espaços infinitos. A artista, não se prendendo a nenhum tipo de mimetismo, acaba chegando no atmosférico por meio de sua essência: sugerindo profundidade e abertura. No caso da segunda, ainda que existam elementos de ordem mais “tectônica”, como alguns signos brancos na parte superior da tela, o predomínio é de uma sinfonia azulada, que vai do cerúleo ao turquesa, com alguns poucos vestígios botânicos que vicejam pela tela.

Outro interessante trabalho desse momento é Oferenda. Palavra associada a rituais religiosos, a mesma consiste em ofertas e presentes fornecidos para agentes espirituais. Predomina nessa composição um indefinido fundo verde, que, quando próximo das extremidades, ganha coloração muito escura e quase opaca, mas quando se aproxima da área central da composição se mistura com o branco, ganhando um caráter algo enevoado, quase etéreo. Logo abaixo desse encontro verde-branco, azuis, beges, rosas e roxos surgem de maneira bruxuleante, como lampejos cromáticos. Se o fundo parece sugerir algo impenetrável, que não cabe a nossa compreensão, o arranjo pictórico central, formado por esse exuberante cromatismo, parece sugerir uma tentativa de comunicação com o inatingível. O mesmo pode-se dizer de Yemanjá, na qual, em meio a uma imensidão azul, tons de verde e azul parecem apontar que algo ali vive. Pintar é estabelecer relações entre cores, e é exatamente isso que Mirela faz. De um desconhecido e misterioso azul, desabrocha o orgânico e o vivo. Está tudo ligado.

Batuque se destaca por vivos rompantes de vermelho em meio a um fundo bege com notas vermelhas. Aqui vemos uma aproximação com a música. Da mesma forma que as batucadas sonoras se sobressaem em meio ao silêncio ou a um concerto, aqui elas explodem, trazendo dinamismo e pulsação para a composição.

E aí chegamos as pinturas da segunda direção. A cor ainda comparece, mas perde um pouco de sua luminosidade. Muda a consistência também: o atmosférico de antes se converte em uma matéria úmida, pantanosa, densa. O colorido fica mais sóbrio, mais telúrico. As pinturas de antes parecem almejar o cósmico, o infinito, o numinoso. As dessa leva tem algo de cético: se sabem pinturas, e se pensam como tal. Chegada apresenta uma composição similar a de um arranjo floral, mas não são flores que brilham. Seus vermelhos e rosas tem algo de sanguíneo, visceral. Seus verdes mais transpiram do que respiram.

Dentro, fora apresenta um arranjo de verdes e amarelos de consistência úmida e brilho telúrico. O enquadramento tem algo de sufocante. Embora o título faça uma alusão a um lado de “fora”, os poucos rastros de azul claro que brotam na composição não parecem anunciar a saída de nada. Parecem enroscados em meio a um ramalhete denso de pigmento.

Gosto da chuva traz título ambíguo. Ficamos em dúvida se estamos diante do apreço da artista pelo fenômeno meteorológico ou se na verdade ela se detém no “sabor” do mesmo. O fato é que aquilo que vagamente se assemelha a uma paisagem parece molhado, pastoso, derretido. Na parte superior da tela, a aplicação de terebentina traz um aspecto lavado, como se uma grande massa de água se abatesse sobre o resto. E a sensação é a de umidade generalizada, da qual uma simples linha, similar a um corrimão, parece ser a única a escapar ilesa. Nesses trabalhos Mirela evoca a matéria, o tátil, o telúrico, a víscera.

Nossa artista, por construir sua pintura através daquilo que cruza seu caminho, não se pretende a empreitadas inéditas, invencionices ou revoluções. A pintura tem toda uma história por trás, e Mirela sabe disso. Resta, baseado em tudo aquilo que a antecedeu, oferecer sua versão, os seus arranjos e apontar caminhos para o fazer pictórico.

Theo Monteiro

ENTREVISTA
por Claudius Portugal

1. Há uma dedicação em seu trabalho na pintura e no desenho. Há, creio, a partir de determinado momento, ainda o bordado. São estes os principais meios de investigação, por sua interação e complementação, para sua criação artística?

Sim. Porém, atualmente, ando investigando a pintura a óleo como principal mídia. Também pratico desenho todos os dias (sejam anotações em cadernos para o ponto de partida de uma pintura ou desenhos de observação do cotidiano).

2. Você constrói sua pintura a partir daquilo que existe no mundo, diz o crítico. “Uma vista, um arranjo de mesa, um elemento arquitetônico, uma memória, uma música: todo estímulo sensorial interessante, por mais aleatório que possa nos soar, lhe serve de matéria prima. Uma lição que guarda com carinho é uma ensinada por sua mãe, que lhe orientava a organizar suas coisas e seu entorno por meio das: “cores que existem na natureza”. O mundo que o cerca é o principal deflagrador de sua criação?

Hoje o principal deflagrador é o próprio ambiente do ateliê e a literatura.

3. Ao longo de oito meses de 2020, você morou no interior de São Paulo. Tempo da pandemia. Aproveitou este tempo e se dedicou a leituras, estudos, e a observar a casa que habitava, as plantas, os insetos, em sua trajetória e movimento., o que a levou a trabalhar em desenhos, pinturas “exuberantes e expressivos”, como a crítica denominou esta fase. Esta observação do cenário cotidiano durante o isolamento social repercutiu em sua obra, sendo uma motivação que já está anteriormente na sua criação, e passado este momento o que vê de mais significativo para sua obra nos dias de hoje depois deste isolamento e a sua reflexão?

Apesar da pandemia (e mesmo antes da pandemia), sigo com a mesma dedicação. O texto do Agnaldo é um recorte da fase que vivi antes da minha primeira individual. Para mim é o básico de um artista – se debruçar em leituras, filmes, músicas, conversas cotidianas (sejam profundas ou não) que nutrem e ajudam um olhar diferenciado sobre a vida. Tudo isso, inevitavelmente, está na obra. Por exemplo, esses dias assisti ao filme de Manoel de Oliveira chamado “Vale Abraão” e fiquei maravilhada. Podem pensar que não tem nada a ver com o trabalho. Mas algo está lá (seja uma referência de paisagem, seja uma referência de alguma personagem que me tocou para me motivar a produzir).

4. Citando o crítico Agnaldo Farias, “uma linha que começa com seu corpo enunciado por pastel oleoso, passa para o grafite, depois carvão, transmuta-se em tinta a óleo, enquanto todo o tempo pode ser acompanhada por nanquim. Os materiais, os gestos, a linha grossa, borrada, cores intensas, misturam-se. Há variados tons e manchas e linhas vibráteis, descontínuas”. Vê o resultado de seu trabalho, o que sua arte constrói, seja papel ou tela o suporte, compostas sempre por materiais e técnicas diversas? Ou temos trabalhos sem esta profusão de procedimentos?

Essa citação é de um texto do recorte da minha produção de aproximadamente três anos atrás. Muita coisa mudou. Como disse anteriormente, hoje me dedico predominantemente à pintura a óleo (na época do texto do Agnaldo utilizava diversos materiais sobre o papel). Mas isso me interessa. Afinal, a mesma artista realizou o trabalho de três anos atrás e o trabalho que realiza hoje. Também acho que os trabalhos dialogam. Acredito que a profusão de três anos atrás ainda existe hoje, de formas diferentes. A profusão de procedimentos parte muito mais do meu corpo, gestos e interesses atuais do que o resultado do trabalho em si.

5. Na apresentação de “Rebento”, exposição virtual, em 2001, o crítico Agnaldo Farias assim se refere sobre sua mostra: “A artista foge do virtuosismo, do gesto escorreito e adestrado; onde outros, de sua mesma geração, preferem a limpidez de imagens hiper-reais, sedutoras e apaziguadoras, ela opta pelo ruído. Em lugar do signo claro, ela nos oferece o garrancho, a garatuja; essa apologia da mão deseducada aproxima-a do que há de selvagem em nós, da constatação de que não há um caminho único, uma saída, apenas uma procura persistente e sem fim à vista”. O que tem a dizer sobre as várias perguntas que eclodem deste texto? O que importa mesmo são as linhas, a exuberância do grafismo? É necessária para efetivar sua expressão que as linhas sejam dilaceradas? E a multiplicidade de materiais, qual a importância deles para efetivar sua criação? Arte é uma procura persistente?

Não vejo as perguntas, pois não há ponto de interrogação no texto. Vejo possibilidades e exercícios de leitura do crítico a partir da obra naquele momento que podem gerar perguntas. Talvez hoje ele escreveria de forma totalmente diferente. Por isso, inclusive, convidei Agnaldo na época para escrever. É um intelectual, uma pessoa fresca e maleável, que pode mudar suas afirmações a qualquer momento e justificá-las com embasamento e propriedade. As várias perguntas, na minha opinião, surgem na execução e processo do trabalho e não se encerram.

As linhas e a exuberância do grafismo importam como o resultado do objeto concretizado (seja desenho ou pintura). Mas, respondendo à pergunta, o que importa mesmo é estar vivo e continuar trabalhando (independentemente do resultado de qualquer trabalho). No final das contas, não é somente sobre o resultado, mas sim, sobre o processo. Uma pintura abre o caminho para a próxima pintura existir e por aí vai. O que antecede o resultado do trabalho é o que acontece durante o processo. Não sei afirmar se a Arte é uma procura persistente, mas posso afirmar que viver através de uma mídia artística é suportar as dúvidas, as perguntas e os “erros” que geram novas oportunidades. Viver sem necessariamente procurar algo, mas sim suportar o mistério, paralelamente concretizando trabalhos de arte. Talvez, a procura só gera mais dúvidas e mais perguntas.

6. “Eu sempre achei meus desenhos explosivos e queria entender se ele era mesmo ou não. Quando eu vi que eu também explodia no bordado, só que levava bem mais tempo, eu entendi que era esse trabalho que eu queria ter, eu realmente tinha decidido isso. Assim, eu comecei a entender o tempo das coisas, a existência da desaceleração. Foi uma espécie de pesquisa rítmica do meu próprio corpo em ação com a matéria”. Essa observação sobre seu próprio trabalho continua válida na sua experimentação para o engrossamento de linhas, mudanças súbitas de cor, planos texturados e formas?

É uma pergunta interessante. Poderia dizer que não é válida, pois o trabalho mudou. Porém, poderia dizer que continua válida porque se não fizesse essa afirmação anteriormente, não estaria fazendo o trabalho que faço hoje. Apesar de uma reflexão contraditória, sim, considero essa observação válida.

7. A crítica se pronuncia que a partir daí, há uma forte característica de irromper o que é referente, prezar pela descontinuidade de composições e de faturas coerentes, por meio de linhas interrompidas, entrecortadas e fraturadas, tornam suas obras singulares e aproximam o espectador do que há de selvagem em si. O que pode dizer sobre esta observação? E a que segue de que nesta busca surgem figuras humanas em pinceladas suaves e incisivas e que há um interesse em contar histórias e um ativismo contra a violência à mulher?

Vejo a primeira frase da pergunta como uma forma sensível de quem estava prestando atenção no trabalho quando escreveu. Às vezes os textos escritos sobre o meu trabalho me trazem informações e reflexões que nunca havia pensado. Gosto dessa interlocução entre a obra e o texto. O que posso dizer é que por mais que aprecie essa afirmação, não posso comentar, pois não fui eu quem disse isso. Afinal, não sou escritora. Estou em constante auto descoberta através da pintura como veículo. Houve esse momento onde escreveram “há uma forte característica de irromper o que é referente, prezar pela descontinuidade de composições e de faturas coerentes, por meio de linhas interrompidas, entrecortadas e fraturadas, tornam suas obras singulares e aproximam o espectador do que há de selvagem em si”. No futuro, pode-se escrever algo totalmente diferente. Prefiro deixar o trabalho sempre em aberto e continuar pintando. Não tenho controle sobre o que dizem e o que escrevem.

Não preciso comentar o ativismo contra a violência à mulher, pois é óbvio e intrínseco as minhas ações. Se quiser enviar uma pergunta mais específica, posso tentar responder.

8. A formulação “arte abstrata x arte figurativa”, não parece ser um princípio cultuado por você na sua obra, e disto sobressai que a arte não trata de coisas reais, mas de ideias referentes às coisas reais. Arte é uma aventura da linguagem. Como tal, diz respeito ao ser humano”. É nisso que acredita?

Hoje acredito. Amanhã posso reformular. Estou em movimento e para mim, isso é o principal. Meu maior medo é atingir um momento relevante comercial da minha obra e ficar estagnada nesse momento apenas pelo mercado. Quero, gosto e preservo estar em transformação.

9. Quantas obras, tela, papel, formatos nesta individual na Paulo Darzé Galeria? Creio ser a primeira vez que a Bahia mostra a arte de Mirela, de uma baiana. Há uma expectativa nesta chegada à cidade da Bahia?

Entre 18-24 obras. Vamos definir na hora da montagem. Não há uma expectativa nesta chegada, mas sim uma enorme gratidão e orgulho de estar fazendo uma individual na cidade onde eu nasci, onde está a minha família. Além de ser uma cidade que amo. Me sinto extremamente honrada.

Loading...