Após sua primeira individual na Paulo Darzé Galeria, em Salvador, março/abril de 2025, Almir Lemos se apresenta agora na SPArte 2025, no stand A05, uma mostra de cerâmicas, onde se destaca uma obra possuidora de uma técnica de criação, que passa do processo tradicional de cura a métodos antigos, que não dependiam do torno, com ferramentas que torna as formas uniformes, mantendo as características autênticas do barro, refletindo uma relação de criação com a terra e uma conexão com o tempo. É uma obra é possuidora de vários saberes afro-indígenas, e uma ancestralidade evidente.
Desde pequeno envolvido com o barro em olarias e a paixão pela cerâmica tornaram Almir Lemos uma referência em Maragogipinho, localidade que integra Aratuípe, no município de Nazaré das Farinhas, no Recôncavo Baiano, 227 quilômetros de Salvador, com cerca de 3000 habitantes, mas possuindo 200 olarias, e uma centenária produção de cerâmica. Desde o século XVIII existem fontes documentais que fazem referência à localidade enquanto comunidade ceramista, arte milenar que inclui o modo de fazer dos mestres/mestras ceramistas e uma vitalidade criativa expressa nas mais variadas peças.
A cerâmica produzida nas mais de 100 olarias pode ser classificada em três principais categorias: religiosas formadas por objetos religiosos tanto católicos (santos) quanto afro-brasileiros (quartinhas, talhas e porrões para água), decorativos (boi-bilha, baiana, porco-cofre, vasos, luminárias) e utilitários (porta-incenso, gameleiras, travessas, panelas, pratos, moringas). Importa situar que em diferentes situações, as categorias se misturam já que certos objetos religiosos e decorativos adquirem contornos utilitários.
A cerâmica de Maragogipinho possui um processo que começa com os barreiros, na procura do material mais adequado e de melhor qualidade, descrita no documentário Modo de Fazer do Ofício dos Oleiros de Maragogipinho, onde se descreve as etapas da produção das peças, que começa com recolha do barro nos barreiros, passa pela pisa dos “amassadores” no barro, e pelas mãos dos “empeladores”, até chegar aos tornos ou moldes dos mestres. Após modelar e secar o objeto, repassam para as “brunideiras” fazerem o acabamento da peça para a queima em fornos com altas temperaturas, seguido pelo polimento e pintura com tauá (argila vermelha) e tabatinga (argila branca) feitas do próprio barro. Por fim a queima solidifica o barro e conclui o processo.
A mostra de Almir Lemos na SPArte 2025, integra as Rotas Brasileiras, no Stand: A05, na ARCA, Avenida Manuel Bandeira, Vila Leopoldina, São Paulo – SP, aberta nos seguintes horários: dia 28 de agosto, das 13 às 20h; dias 29 e 30 de agosto, das 12 às 20h; e dia 31 de agosto das 12 às 19h.