Eternamente Bahia
A Bahia ou, simplesmente, a cidade de Salvador da baía de Todos os Santos, no Recôncavo baiano, foi por anos a capital da Colônia e principal porto da metrópole portuguesa de Além-Mar, e por seus arruados criados ao estilo do Bairro Alto de Lisboa aconteceram fatos históricos importantes para a consolidação do Brasil.
Índios, portugueses e africanos deram forma a uma cidade multicultural por excelência, de religiões entrecruzadas. Criaram uma sociedade sincrética onde igrejas, conventos e capelas tinham suas irmandades muitas: brancas, mulatas e negras; santos pretos, santas negras. Templos das religiões de origem africana escondidos da perseguição da época. Os nagôs, os bantos batendo para seus deuses das tempestades, dos raios, dos ventos, das florestas, dos rios e do mar.
Sangue, muito sangue derramado no cativeiro, nos troncos e no eito dos engenhos de açúcar. Muitas rebeliões: a Sabinada, a revolta do Malês, dos Alfaiates, todos os sonhos de liberdade e de Independência, 2 de julho de 1823.
Poetas, romancistas, sermões do Antônio Viera, pintores, escultores, entalhadores, douradores, prateiros, ourives, mestres do barroco das douradas igrejas, sacristias de espelhos e de cristais.
Bahia, um turbilhão de emoções.
Passado e presente em contínua ação do tempo, revelando o futuro da vida e da arte.
Disso tudo vem surgindo Akira Cravo, filho de fotógrafo, neto de escultor, de família de artistas. “A Natureza Humana” se chama a sua primeira exposição, um mergulho na velha fonte da velha terra da Bahia, inevitável inspiração, e um longo caminho a ser percorrido por esse jovem fotógrafo, onde já aparece a inevitável marca de seu olhar. Olhar para as coisas do mundo em sua volta com talento e inspiração.
Suas fotos nascem da procura de grandes planos, na procura da profundidade de espaço, da luminosidade da terra, mas, sobretudo, o que nela habita e faz o grande teatro da natureza humana.
Emanoel Araújo
Diretor e curador do Museu Afro Brasil
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Ao completar seu décimo sétimo aniversário, Akira pediu ao pai uns óculos esportes como presente, mas acabou ganhando uma máquina fotográfica. Em princípio, não ficou satisfeito com a troca. Mas, aceitou e começou a fazer suas primeiras fotografias. Eram coisas da natureza vistas de perto, plantas que ficavam ao redor de sua casa.
De forma tímida e introspectiva passou a observar a paisagem humana, o movimento das pessoas, os gestos, a cor, as condições de vida no contexto da cidade. Enfim, buscou uma ampliação dos horizontes do olhar, passando a encarar o ato de registrar imagens como uma possibilidade de expressão importante para sua vida.
A Bahia é extremamente rica em cores, em festas, em imagens de gente sedutora e em situações inusitadas. Akira, rapidamente, percebeu isso e extrapolou o registro documental. Utilizou a cor e o movimento como registros expressivos, passando a dialogar de forma inteligente com as artes plásticas.
Para descobrir possibilidades, buscou imagens e situações em feiras, em festas populares, além daquelas que aparecem aos milhares no dia a dia da cidade, aguçou a sua sensibilidade visual e reconheceu que o presente recebido em lugar dos óculos foi muito mais significativo.
Akira nasceu numa época em que a fotografia já era utilizada para ressaltar aspectos do real ou mesmo para criar novas realidades. As manipulações digitais e os grandes formatos seduziam a quase todos, mas ele não se limitou apenas a manipular a câmera digital, aprendeu a utilizar o filme, sabe da sua qualidade e importância no processo fotográfico. Afirma que utiliza o photoshop apenas para as “manipulações básicas”.
Na realidade, o meio para se conseguir resultados de qualidade não é o mais relevante. Nos dias de hoje, quando a fotografia é um importante suporte para a criação artística, o mérito maior está na expressividade das resoluções obtidas.
As fotografias feitas por Akira Cravo transmitem um olhar apurado, poético, com resoluções expressivas e bem resolvidas, deixando evidente a qualidade do que produz e as amplas possibilidades do que, com certeza, virá a produzir.
Justino Marinho
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Tempo só
Apenas o tempo dirá sobre a passagem entre mundos, entre eixos de vidas e seres, personagens e passantes que vão e vêm, conhecimentos deixados aqui ou ali, tempos sobre tempos
Vidas que nos simbolizam, perto ou longe, longe ou perto
Apenas o tempo que temos para aprender a compreender, com a vivência, a vida de hoje, amanhã, antes e após
Além daquilo que imaginamos, a imaginação dialoga com o coração, e, assim, seguimos o ócio do oficio, a rotina diária, interpretando, de uma forma lúdica, e desvendando os mistérios da arte.
O vetor da poesia, sobre a pintura ou/a fotografia, independentemente da forma de expressão, da ferramenta utilizada pelo artista, é nada mais nada menos que a alma, a personalidade única do criador.
O meu trabalho simplifica em transformar aquilo – que os olhos nem sempre enxergam – em pintura e poesia e vice versa.
Seja na pintura seja na fotografia, ambas são irmãs, na chuva ou no sol, com água ou sem água, está tudo aí, ali ou aqui.
A vida, junto com as coisas belas que nela existem, consegue transmitir um mundo de cores, de formas, talvez poético ou trágico, sensual ou vulgar; não importa a concepção que se tenha.
A arte está viva e bela e, com isso, consigo, através da forma mais digna, expressar a minha personalidade e a minha visão.
Akira Cravo
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A meu pai Mario Cravo Neto
A Bahia e seus sentidos
A Bahia, terra cheia de mistérios, mitos e sentidos, longe e perto, mas sempre aqui. Nesta mostra estamos dando um salto para ver essas imagens, e entrando no universo da magia, que mostra uma Bahia antiga, um povo belo por si próprio, pela poesia do olhar, eles tem a vaidade natural, a beleza está no entorno do cenário, e principalmente neles.
A poesia vem do pensamento, do sentimento.
A mais pura expressão interna de um pensador seja ela na escrita, na pintura ou na fotografia. Colocar para fora aquilo, no ato mágico de apenas um click e criar um semblante, uma marca, como uma cicatriz que jamais será apagada. O enquadramento diz tudo. O mais pulsante corte entre corpos, rostos, semelhanças que formam um quebra- cabeça na montagem do conceito temático da obra. Trago o torso, o corpo e o rosto. Junto e separado em imagens pulsantes, coloridas, cheias de vida, de força e de fé.
Akira Cravo
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AKIRA CRAVO
https://www.youtube.com/watch?v=utLKR3Yguhs
https://www.youtube.com/watch?v=JdeohVCvn1s
Nasceu em Salvador, Bahia, Brasil, em 20/11/199.
Estimulado desde criança com o universo criativo da família, seu pai, o artista plástico, escultor, fotógrafo, Mario Cravo Neto, sua mãe a artista plástica, Angela Cunha, pinta, cria objetos e manuseia o barro.
2008
Com dezesseis anos, começa a se interessar por fotografia. Com a primeira máquina fotográfica, inicialmente utilizando-se da função macro, faz fotografias de natureza e abstratas, entusiasmado e com o apoio do pai, que sempre o motivou.
2009
A perda prematura do pai, período difícil de sofrimento, surgiu a busca de um objetivo, uma razão maior que dê continuidade a própria vida – a fotografia. Intuitivamente foca o olhar na interação do homem com a natureza. Encontra nas ruas da Bahia e no seu povo a motivação para sua inspiração.
2010
Diversifica o interesse e passa a estudar e trabalhar com escultura em argila, no atelier da ceramista Dalva Bonfim.
2011
Frequenta o Espaço Cravo com o intuito de enriquecer seu conhecimento técnico, tendo como mestre seu avô, o escultor Mario Cravo Junior.
2012
Mergulha na fotografia de arte e resolve interagir nos locais mais populares e ativos da cidade, a feira de São Joaquim e a festa de largo da cidade do Salvador. O interesse crescente leva-o a fotografar a festa de Santo Amaro da Purificação, mais conhecida como Bembé.
2013
Passa a morar em São Paulo, onde vive e trabalha durante 6 meses com os fotógrafos J.R. Duran e Araquém Alcântara.
2014
Época e maior produção no âmbito da fotografia ligada à religião e ao seu povo da sua terra natal. Esteve em Bom Jesus da Lapa, Bahia, durante três anos seguidos – 2014 /2015/2016. E também em Juazeiro do Norte, Ceará, com o fotografo Walter Firmo. Até os dias de hoje procura o mais sutil corte entre corpos e rostos para dialogar com sua vivência da Bahia. Também tem fotografado desde 2011até 2019 a festa do Bembé, do mercado em Santo Amaro da Purificação, Bahia.
Realizações:
- SP Arte 2013
- SP Arte 2014
- . SP Arte 2015
- . ART LIMA PERU 2015
- . FERIA ODEON BOGOTÁ COLÔMBIA 2015
Exposições Individuais:
2012
Museu Afro Brasileiro de São Paulo. Exposição “A Natureza Humana”. São Paulo, SP.
2013
Galeria Solar Ferrão. Exposição “A Natureza Humana”. Salvador, BA.
2014
Exposição Tempo Só – Espaço Mauro Freire – Arte / São Paulo, SP.
2016
Exposição na Galeria Lume com o titulo “A Bahia e seu sentidos”. São Paulo, SP.
2017
– Exposição permanente no FERA PALACE HOTEL com cerca de 120 obras – Salvador, BA.
– Teve doze obras expostas no projeto Galeria da Rua todas em outdoors.
2018
Participou do programa Estrelas do Brasil com Angélica e Cléo Pires.
2019
– Teve uma de suas obras expostas na novela das nove da Rede Globo.
– Fotografou a cantora Anitta para seu novo clip.
Exposições Coletivas:
2010
Circuito das Artes. Salvador, BA.
2011
– Projeto de Artes Visuais no Teatro Solar Boa Vista. Salvador, BA.
– Vintage Décor. Salvador, BA.
2014
– Exposição Casa Cor. Ilhéus. Ilhéus, BA.
– Galeria Lume. São Paulo, SP.
2019
Fez exposição com mais três artistas (Pico Garcez, Renan Benedito, Vinicius Sapucaia) no Museu de Arte Moderna da Bahia.
Prêmios
2013
Vencedor do concurso Cores e Movimento –
http://photos.uol.com.br/materias/ver/73297
2014
Menção Honrosa / Iemanjá – Galeria Alma -Fine Art. Salvador, BA.
Coleções permanentes / Museus:
2012
Museu Afro Brasil São Paulo, SP.