Valdir Cruz nasceu em Guarapuava, no sul do Paraná, em 1954, mas o foco principal de sua fotografia é o povo, a arquitetura e a paisagem do Brasil. Também reconhecido internacionalmente como laboratorista, pela alta qualidade de seu trabalho em revelação, impressão e ampliações P&B, tendo atendido fotógrafos renomados como Edward Steichen e Horst T. Horst, dentre outros.
Valdir também fotografou celebridades mundiais e culturas populares até que, em 1994, veio o interesse pelos índios da Amazônia, que gerou o projeto “Faces da Amazônia”, um retrato realista dos povos indígenas da região, ao qual ele tem se dedicado intensamente nos últimos dez anos. Desde 1994, a sua atenção vem se concentrando em Faces da Floresta, projeto em andamento que documenta a vida dos povos indígenas do norte da Amazônia e que lhe valeu, em 1996, uma bolsa da Fundação Guggenheim. Nas suas vindas ao Brasil, Valdir Cruz aproveita para fotografar um pouco da sua terra natal, desenvolvendo com isto projetos paralelos, em andamento, como uma série sobre as quedas d’água do estado do Paraná e uma outra sobre o carnaval da Bahia, já publicado em livro.
O trabalho de Valdir Cruz, pela sua beleza estética e peculiaridade do olhar testemunho de uma realidade tal qual ela é, impulsionou sua carreira, levando-o a realizar até agora cerca de 60 exposições individuais e coletivas no Brasil, Bélgica, Estados Undios, Suiça, México, Portugal, desde 1982, atraindo a atenção não só da mídia como de Museus, Galerias e Instituições dos Estados Unidos, Europa e Brasil, que em número de trinta, nos dias de hoje, mantém em seus acervos permanentes fotos de Valdir Cruz, dentre eles, o MASP – Museu de Arte de São Paulo; Instituto Itaú Cultural, São Paulo; MOMA – The Museum of Modern ART, New York; The Smithsonian Institution-Washington DC; Tampa Museum of Art, Flórida; New York Public Library; Museum of Fine Arts, Houston, Texas; Fundação Cultural de Curitiba, Paraná.
A sua obra está registrada em livros, como “A fotografia no Brasil – um olhar das origens” (Funarte), “Faces da Floresta – os Yanomami” (Cosac & Naify), “Yanomami – l’esprit de la forêt” (Fondation Cartier), Faces of the rainforest – the Yanomami” (House Books), sendo que estas fotos sobre os Yanomami ilustraram o polêmico livro do jornalista americano Patrick Tierney , “Darkness in El Dorado – como cientistas e jornalistas devastaram a Amazônia”, editado por W.W. Norton, NY e já traduzido para oito idiomas, tendo sido indicado como finalista entre os cinco melhores livros de não-ficção para o prestigiado prêmio americano “National Book Award/2000”, o Oscar da literatura americana.
Ainda entre as suas publicações destacam-se os livros Catedral Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, editado pela Brave Wolf Publishing em 1996, por ocasião das comemorações do centenário da Catedral, com o apoio da Arquidiocese, Fundação Cultural de Curitiba e Associação Cultural Avelino A. Vieira, e Carnaval, Salvador – Bahia –1995-2005 (Throckmorton Fine Art, 2005). Atualmente o trabalho de Valdir Cruz é representado nos Estados Unidos pelas Galerias Throckmorton Fine Art,Inc – NYC, Sicardi-Sanders Gallery – Houston, TX, e no Brasil pela LGC Arte Hoje/Rio de Janeiro, Galeria Rosa Barbosa/São Paulo e Paulo Darzé Galeria de Arte/Salvador-Bahia.
Sobre o seu trabalho escreveu o crítico novaiorquino Edward Leffingwell, editor correspondente de Art in America para o Brasil.
“O fotógrafo Valdir Cruz é reconhecido internacionalmente por suas imagens sensíveis da vida cotidiana dos povos indígenas da floresta amazônica, um trabalho em andamento que há anos vem tomando muito de sua atenção e recursos. Desde 1981, ele também vem dedicando esforços para a criação de um registro e interpretação fotográficos da região em torno de Guarapuava, uma cidade agrícola no sul do Paraná, onde nasceu. As fotografias dos anos iniciais do projeto revelam um interesse específico nas imagens de criação de gado e da vida dos vaqueiros brasileiros. Mais recentemente, Valdir dirigiu seu foco para a produção de O caminho das águas, uma série que amplia a exploração da região, através das cachoeiras que dramaticamente conformam a sua paisagem. Parte do patrimônio do país, tais cachoeiras são conhecidas principalmente pelas pessoas que moram nas vizinhanças.
Em fins dos anos 60, Valdir visitou pela primeira vez essas áreas, em expedições de caça e pesca ao longo do rio Jordão, que atravessa Guarapuava e vai formar os remotos e extraordinariamente belos saltos da Vaca Branca e Curucaca. As fotografias incluídas em O caminho das águas abrangem estas e outras das muitas cachoeiras que se estendem de Curitiba até Foz do Iguaçu, no extremo oeste do estado, fronteira com Paraguai e Argentina, a uma distância de mais de 600 km, tendo fotografado as cachoeiras em 1994 ao visitar o salto da Vaca Branca, como parte do tema mais amplo de seu projeto Guarapuava. Contente com o trabalho, decidiu visitar e registrar as cachoeiras até Prudentópolis, no que é apropriadamente chamado de Terra das Cachoeiras Gigantes, e até as famosas quedas do Iguaçu, às vezes chamadas de “oitava maravilha natural do mundo.
A primeira vez que as cataratas do Iguaçu se tornaram conhecidas fora do país foi através do explorador espanhol Álvaro Núñez Cabeza de Vaca, que chefiou uma expedição em direção ao rio da Prata e ao Paraguai, depois de passar oito anos na região do golfo do México, no que hoje é o Texas. Embora três quartos das quedas estejam em território argentino, as mais bonitas são vistas do Brasil. Aí, na alta estação, Iguaçu conta com cerca de 270 quedas espalhadas por 2,5 km, caindo de despenhadeiros da altura de um edifício de 24 andares.
Na área de Foz do Iguaçu, no rio Paraná, encontra-se a usina de Itaipu, um importante fator na utilização das águas da região, construída por Brasil e Paraguai juntos. Nos últimos anos, Itaipu produziu um quarto da energia do Brasil e três quartos da paraguaia. A cada ano é visitada por até 9 milhões de pessoas de 162 países. Ao longo do tempo, Valdir pôde ver o desaparecimento de cachoeiras e paisagens inteiras, em virtude da construção de represas para usinas hidrelétricas. Por outro lado, ele reconhece os benefícios econômicos que tais obras trouxeram para a região. Sabendo que algumas das quedas d’água poderão ser vítimas futuras do desenvolvimento econômico, Valdir considera a oportunidade de documentar uma paisagem de tamanha beleza como um compromisso, uma obrigação. Suas fotografias servem de testemunho da beleza que existe agora.
Considerando-se que Valdir é conhecido pela qualidade e tonalidades quase tácteis de suas fotos em gelatina de prata, platina e paládio, as imagens dessas cachoeiras trazem algo de novo, de imediato. Embora continuando a trabalhar em campo com câmeras não digitais, ele produz negativos de grande formato, 4 por 5 polegadas, que permitem o melhor escaneamento possível e a impressão de cópias em pigmento sôbre papel de detalhe, tamanho e qualidade surpreendentes. O caminho das águas, o mais novo livro de Valdir Cruz, está prestes a ser publicado”.